sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Contrariedade

Era bom conseguir amar
quem é realmente bom para nós,
mas o amor é como o rio
que corre sem saber a sua foz.

Nasce com a forma de gota
e vai crescendo tornando-se nascente.
Aumenta o caudal com o tempo
e acaba por inundar a mente.

E que força indomável tem
derruba a pedra, o ser e a razão
ultrapassa margens, rebenta barragens
e pode fazer tanto mal ao coração.

Qual a racionalidade do ser humano
que se diz nascer racional
que quando confrontado com o amor
tem atitudes de animal?

Diz-se que é um sentimento puro
um dos mais bonitos que se pode sentir
mas então nunca deveríamos chorar
e sim passar a vida a sorrir.

Os efeitos químicos e as alterações
que provoca no ser mais forte
ou mesmo o sábio que é sabido
não consegue fugir da sua sorte…

Ter que se assumir que se é dominado
mas não estamos numa prisão
as asas continuam atrás das costas
mas os pés deixam de estar no chão.

E as figuras que nos faz fazer…
A cara de parvos sempre a sorrir,
aluados e bêbados de felicidade
até ao momento dele partir.

Parece que até custa respirar
e cada segundo que passa é saudade,
vemos passar o ponteiro dos segundos
e dizemos que crueldade!

Mesmo que tenhamos estado perto
e o corpo ainda sinta o calor
julgamos ser impossível viver
minutos longe do nosso amor.

Que dependência, que vício
que deslumbramento é este afinal?
Que tanto nos dá o melhor do mundo
como nos deixa tão mal.

E o pior é que mesmo quando chega ao fim
fica o cheiro, o toque e as recordações
e por muito que apareça outro amor
nunca deixa de haver comparações.

Qual o máximo que se pode amar?
Alguém tem resposta para a questão?
De certeza que amaram o primeiro amor
mas os outros não passaram em vão.

E sentimo-nos capazes de tudo
viramos o mundo ao contrário
cometemos loucuras desmedidas
que nem nos passavam no imaginário.

Mas mesmo assim às vezes não chega
e é como abrir a palma da mão
ver fugir os grãos de areia
e agarrar apenas a solidão.

Qual de nós merece receber
um sentimento que é assim?
Que domina os sinais vitais
e nos ”mata” quando chega ao fim.

Eu acredito na existência daquele
que será o nosso amor de verdade
mas temos que aprender com os outros
para vencer toda a contrariedade.

1 comentário:

  1. Qual o máximo que se pode amar?
    Rita nunca vamos saber
    porém é o que nos faz continuar
    queremos sempre mais e o amor tem esse poder.

    Alguém que é altruísta
    claro,tem muito amor para espalhar
    mas repara que até o ser mais egoísta
    a sua vida consegue dar.

    Aqui descreves muitas contrariedades,
    tens toda a razão,tantas que o amor traz
    solidão,tristeza,angústia e saudades,
    mas diz-me,por ele não és capaz?

    Só alguém que já foi apaixonado
    escreve assim...como sentido
    conseguiste que o amor fosse explicado
    Parabéns, nada ficou esquecido.

    Catarina Pinto 15-01-2010

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