segunda-feira, 26 de setembro de 2011

É fraqueza...

Esquecer todos os sonhos,
e a vontade encurralar
por ter havido um sonho
que não foi possível de realizar.

Condenar todas as amizades,
contra tudo o que se sentiu
apenas por ter havido uma
que de alguma forma nos traiu.

Desacreditar no amor,
sendo para nós um fel
somente porque no passado
houve um que nos foi infiel.

Insistirmos num sentimento
sem este ser correspondido
deixando de dar oportunidade
a outro que é por nós merecido.

Descurarmos o nosso empenho
na luta pelos objectivos traçados
apenas por ter havido alguns
onde tenhamos saído falhados.

Perdermos a auto-confiança
e até mesmo por nós o respeito
porque alguém nos subestimou
e essa dor não nos sai do peito.

Isolarmo-nos do mundo
gastando tempo a chorar,
quando o tempo no relógio
nunca deixa de passar.

Fugirmos dos problemas
por não os querermos enfrentar
vivendo num cenário irreal
que sabemos que não se vai alterar.

Passarmos a vida a queixar-nos
do que não corre como esperado
quando aquilo que não correu
já faz parte do passado.

A completa apatia
quando tudo se desmoronou
mas ainda temos saúde
e a vida não terminou.

Desistirmos de viver
limitando-nos a existir
porque o dia acordou cinzento
e o sol não nos veio sorrir.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Só falta o olhar que deixara o meu suspenso

As folhas brancas espalhadas pela manta
que estendi sobre as espigas secas pelo sol,
no cume de um monte em pleno campo
servindo-me de luz um fantástico pôr do sol.

Deitada sonhadora e de lápis na mão,
traço o teu perfil com assustadora exactidão
pois mesmo sem ter modelo, nem molde
expressa tão rigorosamente a tua expressão.

Nitidez sustentada na memória,
na recordação dos momentos partilhados.
Da atenção dispensada na observância
dos detalhes que queria esmiuçados.

Retiro do cesto os boiões de cor
e os pincéis que nem chego a usar
uma vez que prefiro usar os dedos
podendo imaginar que te estou a tocar.

O castanho escuro do cabelo despenteado,
usado também na barba mal aparada
contrastando com o encarnado dos lábios
da tua boca que deixa a minha aguada.

Rasgo-te o sorriso que me desarmou
e sorrio para um papel sem vida
pois acompanham-no as covinhas
que me deixam plenamente embevecida.

O sol esconde-se por entre os montes
parecendo os seus raios focos no chão,
inspiro fundo o ar da natureza
que carrega de energia o coração.

Volto a concentrar-me no retrato
lapidando o nariz endiabrado
assim como a testa e pequenas rugas
que marcam a vivência de um passado.

Afasto a folha para melhor admirar,
falta-me a essência de ti e então penso…
nunca me será possível recriar
aquele olhar que deixara o meu suspenso.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Instantes

Não é a esperança que ateia um sentimento
e também não é a descrença que o assassina

é tudo uma questão de conjugação de tempos
que convergem em momentos assistidos pela sina.

A predisposição é abafada pela racionalidade
que teima em proteger-nos do emocional

mas quando se sente nada nos defende
e vivemos o momento sem lhe vermos mal.

Não há no fundo nada a temer …
se e só se o sentirmos com reciprocidade,
pois assim estaremos no mesmo patamar
sem hipótese de haver de nenhum falsidade.

É algo que se sente na maneira de olhar
nos gestos contidos da primeira abordagem,
na timidez e cuidado de todos os passos
que prestam ao respeito vassalagem.

É tão distinto de tudo o que é banal,
um querer estar perto sem objectivo.
Satisfazem minutos de conversa
ou sorrisos e risos sem motivo.

Observar…olhar bem lá por dentro
tentando ler o que se mantém escondido.
Aproveitar o que é sentido no momento
valendo este apenas por ter sido vivido.

Revelar doçura e alguma entrega,
respondendo ao estímulo lançado.
Sem certezas de qualquer continuidade
alimentando apenas o bem-estar alcançado.

Não dar conta que o tempo passa
nas longas horas como minutos sentidas
e sentir um desconforto com a ausência
ao aproximarem-se as despedidas.

Acordar no dia seguinte devagarinho
aguentando os olhos bem fechados
para averiguar se se tratava de um sonho…
mas são instantes que ficaram marcados.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

À mesa com a hipocrisia

Sobre a toalha de linho bordada
o serviço e os copos de pé alto jaziam,
adornando-os o burburinho das críticas
que com vulgaridade se ouviam.

Cadeiras distanciadas por força não física
resultado da distinta postura e educação
das personalidades presentes no evento
tanto as convidadas como as que não.

Reconhecidos esforços de convivência
dos espíritos mais soltos e divertidos
tendo tido como efeito alguns sorrisos
assim como advertências ditas em rugidos.

O ambiente de "non fare nulla" ajudava
na partilha do espaço sem atropelamentos,
e a falta de paciência da maturidade
levava a ignorar os distanciamentos.

Ninguém consegue agradar a toda a gente
e o espaço de cada um é importante
mas qual a satisfação de sem sequer conhecer
em grupo optar por uma posição distante?

Alguém que é amigo quis apresentar
pessoas que para ele eram especiais,
então como pode não haver o esforço
de somente conviver nada mais?

O absurdo espírito feminino de rejeição
só é aplicado em pessoas de sexo igual
porque havia novidade do sexo oposto
e foi recebida muito bem por sinal.

É óbvio que se acaba por reagrupar
uma minoria que procura diversão,
que está de bem com tudo na vida
e convive com quem procura animação.

Saber viver deveria não ser apenas lema
pois os proveitos em aplicá-lo são variados,
se lhe juntarmos a ausência de confiança
temos seres humanos no mínimo complicados.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Não consigo esquecer

Aquele teu sorriso lindo…
nuns olhos tímidos sustentado.
O envolvimento dos braços em abraços
onde ficava o meu corpo resguardado.

O toque ternurento que com carinho
me ajeitava a madeixa de cabelo despenteada
e o beijinho de mimo que se seguia
na minha bochecha à tua encostada.

O teu olhar sorridente mas profundo
que aos meus olhos fazia sorrir.
O balançar ao som de ritmo nenhum
que nos fazia girar por toda a pista sem cair.

Os dedos das mãos entrelaçados
com a vontade que aumentava em sintonia
e que sem fim os mantinha apertados
pelo sentir de uma mútua alegria.

A atenção depositada nos pormenores
porque tudo se queria conhecer
e rapidamente se guardavam na memória
com a pretensão de nunca os esquecer.

A passagem do nariz pelo pescoço
tentando inalar específico odor
que pela curta distância se sentia
dissipado no ar provocando mais calor.

O conjugar de dois pares de pernas
para se conseguir maior aproximação
resultou no encostar dos troncos
que ferviam com o calor da paixão.

Um lugar repleto de gente que parecia vazio,
no momento em que sendo impossível evitar
os meus lábios se colaram aos teus
num turbilhão de emoções a borbulhar.

Há muito que nada valia tão a pena
pela reciprocidade desde o primeiro momento,
as certezas que quiseste que chegassem a mim
sopraram-me as defesas e receios como vento.

Não consigo esquecer...o que é tão positivo,
mesmo que custe não te ter por perto.
Tem o valor de ter encontrado água
na imensidão de um árido e seco deserto.

Para um "falso" tímido