quarta-feira, 26 de maio de 2010

Floresta

Cheira a terra molhada e aqui ela é escura e fofa,
tal e qual como se acabasse de ter sido ali colocada.
Sinto a sombra das árvores a proteger-me do calor
e deixo-me estar por ali a ouvir a bicharada.

Não são só os sons da terra e a vida animal
que nos revelam onde nos encontramos…
Olho para cima e em vez do céu azul vejo o verde,
da vegetação variada que se prolonga pela teia dos ramos.

Olho a corrente do rio que derruba a rocha com a sua força,
e o seu som fatigante por correr sem nunca parar,
dou por mim a querer chegar ao seu fim
pois estou certa de que uma queda de água vou encontrar.

Sinto a pele húmida regada por uma seiva tropical
nada agradável e mesmo muito peganhenta,
também a roupa se cola como segunda pele ao corpo
e esta sensação não desaparece tal como o perigo que se enfrenta.

Perigo porque é um habitat que não é o meu,
aqui só reside a natureza intocável e indomada.
Esta é a floresta como a imagino
e que está sem dúvida encantada.

Encantada mas sem duendes, fadas ou fantasia,
aliás o seu encanto reside na pureza e virgindade do que vejo,
a única marca a mais são as minhas pegadas
que não consigo apagar mesmo sendo esse o meu desejo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Partilho a Vossa dor

Só consigo sentir raiva e revolta
e sinto-me inquieta desde que sei
que tu minha QUERIDA amiga e a tua família
estão a passar pelo que já passei.

Lamento incalculavelmente que tenhas sentido
a dor desmedida de perder um Pai…
o chão desaparece-te debaixo dos pés
e o coração grita num eterno e sofrido “Ai”.

Tal e qual como para a flor nascer
tem de haver água para a regar,
todos nós deveríamos ter o nosso Pai
sempre connosco para apenas nos olhar.

Estás na fase do cansaço absoluto,
aquele que é psicológico e por nada te deixa
pois tens um emaranhado de perguntas
que o corpo sem as respostas se queixa.

Queixa-se no teu silêncio…
e nem tu quantificas a tua dor,
a certa altura as lágrimas deixam de cair
e entranha-se em ti a saudade de um amor.

Amor de filha eterno, fiel e puro…
e que existe dentro de ti desde que vieste ao mundo,
pois foi o teu Pai que te concebeu e por isso existes
e não há elo de ligação mais profundo.

Ele está contigo sem nunca ter deixado de estar,
não assume hoje forma física mas não deixa de estar presente
e vais senti-lo sempre que dele precisares
através dessa dor, da saudade e da fé por seres crente.

É uma etapa diferente que contraria o nosso egoísmo
ou simplesmente o hábito de o veres na forma humana,
não o vais ouvir, cheirar ou sentir o seu toque
mas o seu amor que eternamente te aclama.

Fecha os olhos, esconde-te em ti
e descansa porque da dor estás cansada.
Amanhã precisarás de enfrentar a vida
e para a venceres tens que estar revigorada.

Para a minha AMIGA F.G. - Adoro-te e dava TUDO para ser capaz de dirimir a tua dor.

domingo, 16 de maio de 2010

Cobardia no amor

Do medo nasce a nossa cobardia,
sustentado o primeiro em momentos sofridos
que ignorámos para tentativas de recomeço
mas mais uma vez verificados e vividos.

Não se deixa de sentir mas desistimos
e assumimos a derrota porque tempo não queremos perder
mas a verdade é que vivemos a vida
e nada nem ninguém esse amor nos faz esquecer.

Ele permanece na memória pela intensidade,
porque dessa vez demos mesmo tudo de nós
mas como defesa recordamos os maus momentos
e o tempo em que mesmo acompanhados nos sentimos sós.

Vivemos o melhor do mundo e fomos felizes
mas a mesma pessoa também tanto nos decepcionou.
Conhece-nos é verdade e não temos medo
mas foi um namoro vivido que acabou.

A cobardia no amor é verificada
quando tendo essa pessoa à nossa frente
se comprova o mútuo sentimento
mas o medo impede-nos de viver o que se sente.

Há uma certeza de que não é por ali…
baseada nas falhas e erros do passado
não sei se são suficientes ou não
mas a verdade é que foram razão para ter terminado.

Há “Se’s” que não vale a pena testar na vida
por se desenrolarem num terreno lamacento
que um dia foi verde e florido
mas ficou inundado pelas lágrimas do sofrimento.

E quando um sentimento tão verdadeiro
altera o cenário de uma forma tão inversa,
ouvimos as palavras e recebemos os gestos
mas no julgamento final não passam de conversa.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estado de alma

Será uma nova fase que se avizinha?
Que receio de apenas pensar que pode ser...
Nem me atrevo a procurar resposta em mim,
limito-me a recordar e a escrever.

Acordei a sorrir como sempre
mas a sorrir de uma recordação presente
de momentos vividos num ontem
que gostava que ficassem para sempre.

Para sempre mas não no esquecimento,
ou de afirmar apenas que os vivi.
Queria repeti-los eternamente
em poemas que escreveria para ti.

Tudo é um estado de alma…
e desse estado depende a percepção
dos momentos que vivemos diferentes
ou vulgares mas que prendem a atenção.

Prendem a atenção pelo teu valor
por aquilo que percepcionei de ti.
Pelo ser humano não perfeito mas mais valioso
do que todos os outros tesouros que descobri.

Vejo-te como único e caracterizo-te como perigoso
pois os estímulos aos quais reajo pedem-me continuação,
uma tranquilidade há muito não sentida
e o poder de me querer entregar de coração.

Entregar porque transmites que vale a pena
não directamente mas pela forma como és.
Admiro-te e sinto-me mulher respeitada
num todo que vai da cabeça até aos pés.

Obrigada…escrevo as palavras em segredo
mas o meu eu pede-me para partilhar
o quão importante foi para mim
sentir esperança de voltar a amar.

Sei que jamais vou esquecer que foi possível
ter sonhado e desejado que desse certo
pois fizeste-me sentir tudo tão diferente
que ficaram as saudades mas também o querer ter-te por perto.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

OBRIGADA

Não é um “obrigada” por educação
é a utilização da palavra que traduz agradecimento,
pois já fiz 27 anos antes de mais este
e nunca senti tamanho contentamento.

Estou sensibilizada mas forte e radiante,
as vossas palavras fizeram-me “crescer”.
O coração bate aconchegado cá dentro
e gostava de a todos abraçar para agradecer.

Acabei de chegar a casa e fiquei surpresa
ao abrir o email como faço sempre,
pois ele transbordava com as vossas mensagens
que me encheram os olhos de lágrimas e o coração de gente.

Gente maravilhosa e especial
porque por um minuto de mim se lembraram,
desculpem o egoísmo mas é tão bom…
ter lido as vossas palavras que tão bem me mimaram.

Com este poema lamechas e sentido
só espero um objectivo alcançar:
Transmitir-vos que para mim têm valor
e me deram um momento que vou sempre recordar.

Quantas vezes deixamos nós de dizer
ou de demonstrar carinho e amor por alguém…
Peço-vos que se encham de coragem e digam sempre!
Porque hoje me fizeram feliz como a ninguém.

P.S. "Pode haver dias em que não se sintam ninguém no mundo, mas serão SEMPRE o "mundo" para alguém" ;) Obrigada

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Onde estás”farol”?

Sinto-me como um barco à vela
perdido no imenso mar
e procuro por ti “farol”
para deste pesadelo acordar.

Estou dependente do vento
que me empurra quando força tem.
Mas para onde me empurra ele?
Se sabe que não me norteio por mais ninguém.

Também está desnorteado
e de dia descansa e eu fico à deriva
porque á noite a escuridão
facilita ver a tua luz viva.

Mas passam dias e noites
e nenhum sinal recebo teu.
Percorro as costas deste mundo
e pergunto-me por onde ando eu?

Atraco em portos desconhecidos
conheço seres humanos com valor
mas não te encontro a ti “farol”
para velejar de encontro ao teu amor.

Há dias que custam menos
porque nesta viagem de tudo acontece.
O pior é quando estão todos a dormir
e a noite o céu escurece.

Amanhã vou ter uma força diferente
porque é o dia em que fui construído
e desde o primeiro momento no mar
procurar por ti me foi instruído.

Aparece “farol”…fazes-me falta!
Ilumina-me este céu estrelado.
Navegar é o melhor do mundo
mas sem ti fico desesperado.

Amo-o muito Pai (véspera de fazer 28 anos)

domingo, 2 de maio de 2010

Clave de sol

Desenhei-a vezes sem conta
nos cadernos de duas linhas
comprados para corriqueiras aulas de música
onde ouvi as primeiras notas, hoje minhas…

Digo minhas mas são de todos nós…
São mesmo as únicas “notas” que caem do céu.
Quando tocadas com perícia
até da alma nos levantam o véu.

O segredo está na melodia,
na entrada dos diversos instrumentos,
na letra ou não que as completa
e no sentir dos sentimentos.

A música é assim…tem um poder incontrolável.
Mesmo no silêncio mais desejado,
nunca é intrusa se sem avisar aparecer
pois com magia deixa o sofrimento podado.

Quase no subconsciente um pé bate com ritmo,
como se fosse exigência de uma modalidade
mas é apenas a música que pelos ouvidos nos entra
e pelo corpo é sentida sempre com vontade.

Entranha-se como se injectada,
uma droga, um vício guloso
que chega a todos os bocadinhos de nós
e nos embriaga o corpo sequioso.

Faz cair as lágrimas e dispara sorrisos
ligeiramente comparava-a com uma G3
não há nada que me tenha desfeito ou feito sentir
o que um dia o poder da boa música fez.

Domina-me e altera-me com tanta facilidade,
faz-me recordar e sentir-me viva e a viver!
Devia haver música nas ruas do mundo
para a todos alegrar e dirimir o sofrer.