sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sedução

De todas as ameaças do mundo
a mais perigosa é a sedução
mas o perigo está no que seduz
ou naquele que é seduzido sem aparente razão?

Aliada à sedução está a química
disciplina complexa com parte experimental
da qual todo o compêndio por mais extenso que seja
nunca aborda o capítulo da química irracional.

Estudam-se estímulos com testes comprovados
cheiros e parecenças com alguém familiar,
mas o leque variado de todas as reacções
faz de cada pessoa um elemento singular.

Somos atraídos por uma conversa banal
se o tom da voz nos penetrar no ouvido,
entrando no organismo com forma de calor
e deixando o cérebro a sonhar com o desconhecido.

Os olhares trocados parecem ter mãos e braços
pois a intensidade é tanta que consegue agarrar
pedaços de nós sem sentirmos o toque
mas imaginamo-lo com a vontade de o provar.

Ouve-se um suspiro de ambas as partes...
como se houvesse cansaço de actividade inexistente
isto porque a certa altura os devaneios imaginados
preenchem de loucura a capacidade da mente.

Estão criadas assim as primeiras expectativas
em relação a um toque ou maneira de beijar
e tudo o resto não é mais que uma cantiga
a qual estamos certos que nos irá embalar.

A sedução pura é incontrolável e inconsciente
lutadora permanente para uma resposta receber
por muito que a ignoremos ou a tentemos enfrentar
a recordação das sensações não nos permite esquecer.

O nosso lado cauteloso alerta-nos incessantemente
para guardarmos deste perigo distância de segurança,
mas se presencialmente o “objecto” voltar a ser contemplado
seguimo-lo colados e na faixa contrária com toda a confiança.

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