terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Parabéns Paizinho

Sei que não dá grande importância a esta data, mas julgo que esta especialmente não pode passar despercebida pois 50 anos só se fazem uma vez na vida e é sempre uma data importante pois significa meio século de vida.
É com uma enorme tristeza que escrevo, pois dadas as circunstâncias não vou poder estar ao seu lado neste dia tão especial, nem ao menos dar-lhe um beijinho como tanto me apetecia. No entanto aquilo que escrevo é o que sai directamente do meu coração e tem tanto valor como se fosse dito, aliás tem mais, pois tudo aquilo que fica escrito valoriza o acontecimento sobre o qual se escreve.
Em primeiro lugar quero que saiba (mais uma vez) que é para mim um grande orgulho ser sua filha, pois tenho a possibilidade de ter herdado muitas das suas qualidades o que me enriquece como ser humano e se torna uma mais valia relativamente a todas as outras pessoas da minha idade.
Sabe que desde que entrei para a universidade, desde que tive a possibilidade de estudar aquilo de que realmente gosto mudei muito e esta mudança deu-se essencialmente por duas razões: 1) já chegava de ser igual a tantos outros tinha chegado a altura de mostrar o que valia; 2) a dor que tive de suportar de não o ter ao meu lado durante os anos que esteve fora fez nascer em mim uma raiva interior de querer perceber porque é que tinha que ser assim e logo que compreendi que o teve de fazer pois queria o melhor para a sua família isso incutiu em mim um enorme desejo de vir a fazer o mesmo.
O que mais valorizo no pai não é o facto de ter estado tanto tempo a viver sozinho fora do seu país e longe de todos aqueles que o amam, mas sim o facto de mesmo estando sozinho nunca se ter deixado influenciar pelas emoções e ter sempre sido um profissional de excelência.
Nunca me cansarei de lhe dizer e a seja quem for que para mim o pai é um exemplo a seguir e toda a força, garra e ambição que hoje tenho para enfrentar a minha vida de estudante e pré-profissional deve-se ao facto de querer ser tão boa como o pai.
Dos 50 anos de vida que tem eu tive a possibilidade de acompanhar 22 deles e o amor que sinto pelo pai é tão grande que lhe digo:
- …“ se houvesse uma loja a vender novos modelos de pais eu não trocaria o meu por nenhum pois do meu já sei quais são as “garantias” e considero-me uma cliente conquistada”...
Teve sempre a preocupação e o interesse de me proporcionar aquilo que de melhor eu podia ter e mais uma vez aqui estou eu longe de si neste dia tão especial porque resolveu investir numa regalia minha de vir acabar o curso nos Estados Unidos da América coisa que poucos dos meus amigos e colegas têm acesso.
Sempre admirei a sua maneira de separar o ambiente empresarial do ambiente em casa fazendo-me sentir que o primeiro deveria apenas ser visto como um meio de sobrevivência, pois a vida no seu sentido amplo e mais verdadeiro é na realidade vivida quando estamos os 4 juntos.
O pai é o homem mais fiel que eu conheci na minha vida, porque me acompanha desde o meu primeiro berro, o meu primeiro choro e a minha primeira lágrima.
Gosto tanto de o ter por perto quando estou feliz e de partilhar consigo a minha tristeza que se torna insignificante quando me enrolo nos seus braços e recebo os seus beijinhos…
Adoro falar consigo sobre a minha vida universitária e as minhas ambições e objectivos. A sua opinião é lei para mim, pois admiro a sua sabedoria e inteligência de dar a volta a qualquer obstáculo que lhe aparece!!!
É igualmente muito importante para mim tê-lo como meu pai, pois ninguém no mundo me conhece tão bem e sabe tanto relativamente ao que me deve dizer quando estou certa ou errada e embora de uma forma ríspida e directa são sem dúvida as “coisas” mais certas para eu ouvir.
Resumindo amo-o muito, mas é um amor fora do normal e inquantificável, um amor que guardo no meu coração e só o tenho para lhe dar a si.
Não imagina a falta que me faz aqui e o quanto sofro por não o ter por perto, pois é parte da força que faz com que o meu coraçãozinho continue a bater todos os dias e por isso ele está agora mais fraquinho, mas cheio de força para lhe provar que se pode orgulhar da sua filha e aliás é só mesmo para isso que aqui estou. Amo-o muito!!!

26-10-2004 Nova York

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