Lisboa veste-se vaidosa
de cores garridas de alegria
e chama para rua os seus
ansiosa pela sua companhia.
Carregam-se fogareiros com carvão
para a fartura de febras e sardinha
tão saborosas por cima do pão
que lhes serve de caminha.
Garrafões de litros de vinho
e inúmeros barris de cerveja
para a todos matar a sede
que perdura até que o sol se veja.
A pouco e pouco reúnem-se pessoas
ao longo da grande artéria da cidade
para assistir ao desfile das marchas
que enfrentam a Avenida com vontade.
O delicioso espírito bairrista
demonstrado nos ruidosos pregões
que se ouvem ao longo da passarela
sobre a qual recaem as atenções.
Os denominados apenas foliões
ignoram as marchas populares
e disseminam-se por toda a Lisboa
pelos mais variados lugares.
Desde a incómoda descida da Bica,
o longo caminho até ao Castelo,
os estreitos trilhos de Alfama
onde se escuta o Fado mais belo.
Fado esse não destino mas cantiga.
Voz da alma que se exprime com saudade,
Palavras feitas de sentimento desmedido
e ouvidas como Património da Humanidade.
O ar é perfumado com manjericos
que se cheiram com o simples passar da mão
e lêem-se as quadras das bandeirinhas
memorizando-se as que falam ao coração.
Cidade iluminada pela luz ténue dos balões
que decoram a ruela mais escondida.
Em Lisboa o Santo António já começou
e há que gozá-lo antes que esteja de partida.
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