sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sal sedento

Sinto-o a cair com o pestanejar
por se ter alojado com o calor,
resultante de uma noite de amor
que num deserto me fez acordar.

Custa abrir os olhos com a luz
de um Sol abrasador emanada
ou por não me querer acordada
de um sonho que me seduz.

A brisa embate árida e quente
nos estéreis sinais de vida
onde a natureza adormecida
descansa de desempenho ardente.

Pica a areia na pele queimada,
os lábios enrugam ressequidos
de todos os beijos recebidos
durante a aventura fabulada.

Vejo-o no corpo a aglomerar-se
formando linhas nas pernas e braços
comparadas às marcas dos abraços
que subsistiram a amontoar-se.

Não vislumbro gota de água
e o sal sedento o corpo corrói
mas perpétua memória não destrói
por ter sido guardada sem mágoa.

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